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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Professora diz que morte da menina Sophia, filha de um PM, foi 'justiça divina' e causa revolta


A professora de História da rede estadual de ensino do Rio Denise Oliveira classificou a morte da menina Sophia Clara Braga, de 2 anos, como "justiça divina". Em seu perfil no Facebook, ela acusa o pai da garota, o policial militar do 16º BPM (Olaria) Felipe Fernandes, de 34 anos, de ter participado da morte de cinco jovens em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, em novembro de 2015, e diz que "ontem a dor de uma família, hoje a dor é na sua família".


A postagem recebeu uma enxurrada de críticas. A uma delas, Denise respondeu: "Ah, esqueci de dizer, podem xingar à vontade, Deus já fez a parte dele. A você só resta xingar mesmo. Kkkkkk". O perfil da professora foi retirado do ar, mas o post viralizou e é compartilhado em muitos grupos e perfis de policiais militares. Um deles escreveu:
"Se alguém conhece o pai da criança que morreu baleada dentro do Habib's, mostre a ele pois essa "senhora" tem que ser processada. Meus sentimentos ao Policial".
Outras pessoas também reagiram:
"Que absurdo meu DEUS, não dá nem para acreditar nisso!!!".
"Ele já está sofrendo demais. Acho que não merece ver esse lixo de postagem".
"Não sei nem o que falar, porque se eu começar a expressar tudo o que estou pensando vou parar só amanhã".
"Essa senhora deveria procurar fazer alguma coisa boa pelo próximo e para de falar uma m* dessa!".
"Vamos sim denunciar para Secretaria de Educação".
"Credooo... lamentável".

O EXTRA entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Educação que informou que abrirá uma sindicância para apurar a conduta da professora. Além disso, a profissional não poderá poderá voltar ao trabalho enquanto a sindicância não terminar:
"A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) ao tomar conhecimento imediatamente instaurou comissão de sindicância para apurar o ocorrido. A Seeduc informa, ainda, que as escolas de sua rede estão em período de férias e tanto o diretor da unidade de ensino em que a docente trabalha quanto a direção regional foram orientados a não alocarem a professora até o fim da sindicância".
Denise também foi procurada e, por e-mail, informou que não teve intenção de de ofender ninguém e que fez apenas "uma analogia entre as família destruídas pela violência":
"Eu gostaria de esclarecer que em nenhum momento faltei com o respeito a menina Sofia (sic), a qual chamo de anjo. O que eu fiz foi uma analogia entre as família (sic) destruídas pela violência. Não sei pq as pessoas deram esse vulto todo a um post, que não tinha a menor intenção de ofender ninguém. Eu exclui meu face, e não pretendo voltar a ativa lo (sic). As pessoas não conseguem fazer uma simples interpretação de texto. Estou assustada com tudo isso".
Pai de Sophia não está entre acusados das mortes em Costa Barros
Além de provocar a ira dos internautas, a postagem de Denise Oliveira ainda acusa erroneamente o pai de Sophia. Ele não é um dos acusados da morte dos cinco jovens em Costa Barros. Os PMs que respondem pelo crime são: o soldado Antônio Carlos Gonçalves Filho, o cabo Fábio Pizza de Oliveira da Silva, o soldado Thiago Resende Viana Barbosa e o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos. Os quatro estão presos.
Morte em lanchonete
A menina Sophia foi atingida por uma bala perdida na noite do último sábado, dentro de uma lanchonete Habib's, em Irajá, na Zona Norte do Rio. A morte da garota causou comoção. Em entrevista ao EXTRA, o soldado Felipe Fernandes lembrou o último dia passado ao lado da menina:
- Ela estava muito feliz, estava brincando como nunca. Logo que acordou, já me chamou porque queria sair de casa, queria brincar. Parecia que estava com pressa de viver. Por isso, fomos no Habib’s lanchar com toda a família. Meu pai e minha mãe também estavam lá. A Sophia, mesmo cansada, brincou como nunca tinha brincado antes. Parece que ela sabia que podia acontecer alguma coisa.

Polícia faz perícia complementar em lanchonete
​A Divisão de Homicídios (DHJ) fez, nesta terça-feira, uma perícia complementar na lanchonete onde Sophia foi ferida. O objetivo da ação foi, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, "colher novas provas que auxiliem na investigação do homicídio de Sophia Clara Braga, de 2 anos, atingida por um tiro enquanto brincava no espaço destinado a crianças da loja, no último domingo dia 22".

A perícia foi realizada no brinquedo onde a menina estava quando foi atingida. Os agentes também percorreram o trajeto, desde o início da perseguição feita pelos policiais militares até a captura de Thiago Rodrigues dos Santos, de 23 anos. Refazer esse percurso tem por objetivo determinar a origem do tiro que causou a morte de Sophia.​

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